Para Pensar!

"Em missão"


Olha o horizonte, amigo

E vê o mundo que passa.

Todos esperam por ti,

Por esse dão, por essa graça.


Tens em ti o compromisso,

O testemunho de uma missão.

Dá um passo em frente e segue.

Vai ao encontro do irmão.


Já todos esperam por ti,

Buscam um animador.

Escuta o chamamento:

Serviço, respeito e amor.


Tens fé e formação

Conheces a realidade

E depois deste teu Curso,

Serás especialista em humanidade.


Dinamizas e orientas,

Acompanhas e escutas.

Na partilha e no diálogo,

Sabes que também educas.


Prudente e assertivo,

Sabes como incentivar.

Todos confiam em ti

Para os poderes animar.


Madalena Rubalinho

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pensar no Futuro

 Temos de pensar o futuro, por dever para com os nossos antepassados e como responsabilidade perante o presente. É necessário trabalhar no âmbito do conhecimento e da educação em direcção  a um verdadeiro presente e futuro aberto, ou seja, aquilo que o indivíduo escolher para poder responder de forma aequada, às situações que surgirem pela frente.
Na minha perspectiva, a estratégia passa pela atitude e pelo desenvolvimento de comportamentos que preparam para um futuro aberto e não procuram condicionar esse futuro em função do presente.
A preparação para o futuro individual e colectivo, faz-se através de: uma acrescida e progressiva consciência da realidade das situações constantes do presente; interligação das várias àreas do saber; desenvolvimento de uma atitude aberta ao futuro; promoção de atitudes criativas; exercício de refleção e comunicação sobre a humanidade e o futuro; estar atento aos sinais do futuro e dispormo-nos a participar na sua preparação.
Para podermos manter-nos aberto ao futuro, devemos viver o mais satisfatóriamente possivel o presente, sem compremeter as possibilidades futuras.
A ideia é viver um presente com dignidade e satisfação, mas orientados para o que podemos viver a tornarmo-nos.
Também se deve realçar a necessidade de reforçar os laços sociais no presente e manter-se aberto à realidade,onde a insatisfação com as respostas, possibilita a busca de melhores soluções,nomeadamente,por meio da "Expanção Mental".
Dedica-se a esperar o futuro só quem não sabe viver o presente,mas a vida é tudo o que acontece enquanto projectamos o futuro, o que dependerá daquilo que fazemos no presente!

 Penso ser uma pessoa aberta à preparação do futuro, para isso considero poder contribuir para o desenvolvimento de uma atitude aberta ao futuro. Para esse efeito dou importância relevante à interligação das várias áreas do saber (multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, visando sempre a perspectiva global para agir local). Para isso devo ter uma acrescida e progressiva consciência das situações circunstanciais do presente.

Perguntaram ao Dalai Lama....

"O que mais te surpreende na Humanidade?"

E ele respondeu:

"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem anciosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer...
... e morrem como se nunca tivessem vivido.


Isabel Gautier

Trabalho de Projecto / Avaliação

O que é o trabalho do Projecto?

"Um método de trabalho que requer a participação de cada membro de um grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo”. Dicionário Geral das Ciências Humanas.
Trata-se de um trabalho em equipa que deve ser orientado para a resolução de um problema considerado importante e real por cada um dos participantes, que permita aprendizagens novas e ser estudado ou resolvido tendo em conta as condições da sociedade em que as pessoas vivem

Pressupostos Pedagógicos do Projecto

Potencialidades do Trabalho de Projecto:

- Desenvolver competências sociais (comunicação, trabalho em equipa, gestão de conflitos, tomada de decisões, avaliação de processos…);
- Ligar e a teoria à pratica;
- Promover aprendizagens e desenvolver múltiplas capacidades nas pessoas (criatividade, pensamento critico, resolução de problemas…);
- Construir uma relação pedagógica entre as pessoas e os animadores que permite ao grupo um espaço de expressão das suas curiosidades, conhecimentos e desejos.

Problemas e projectos
O objectivo da pedagogia de projecto, é transformar um problema em projecto.
 Existem dois tipos de propblemas:
- Um que procura respostas através de pesquisa e raciocínio (problemas intelectuais de conhecimento ou curiosidade);
- Outro que procura soluções que implicam modificações na realidade física ou social (problemas sociais, espaço, relacionais ou de funcionamento).

Fases do Trabalho de Projecto
1- Escolha do Problema;
2- Escolha e formulação dos problemas parcelares;
3- Preparação e planeamento do trabalho;
4- Trabalho de Campo;
5- Ponto da situação;
6- Tratamento das informações recebidas e preparação do relatório e da apresentação;
7- Apresentação dos trabalhos;
8- Balanço;


Projecto de trabalho de grupo

Fases do trabalho de grupo:
- Acolhimento (Quem sou eu?)
-Troca de informações (Quem são vocês?)
- Fixação de objectivos (O que vamos fazer?)
- Organização e controlo (Como vamos fazer?)
- Conclusão e apresentação do trabalho (Que fizemos?)


Projecto como inquietação

 Conceito chave:
Intencionalidade; Negociação; cooperação; Autonomia; Inovação; Incerteza; Cidadania.


Avaliação
Avaliar significa examinar o grau de adequação entre um conjunto de informações e um conjunto de critérios adequados ao objectivo fixado, para tomar uma decisão”.
KETELE, Jean Marie; DAMAS, Maria; - Observar para Avaliar. Coimbra, Livraria Almedina, 1985.

Processo de Avaliação
- Instauração do processo de avaliação;
- Forma de avaliação do processo: impacto, resultados;
- Elementos técnicos da avaliação: registos, indicadores, etc.
- Planificação temporal da avaliação;


“… devemos programar a gestão de todo o processo de avaliação para se incorporar como mais uma peça do conjunto do funcionamento da intervenção. A avaliação requer uma organização e recursos específicos, sobretudo um sistema integrado dentro do conjunto do projecto. Desta maneira, a avaliação é mais um factor de gestão global da intervenção, evitando as práticas habituais de a transformar num apêndice discricionário do funcionamento de uma organização.”

TRILLA, Janne (coord.) – Animação Sociocultural: Teorias, Programas e Âmbitos. Lisboa, Instituto Piaget, 2004.


Avaliação de um projecto

-  A avaliação a realizar deverá ter em conta tanto o produto final, como o processo percorrido para alcançar esse produto;  
- Preconiza-se a auto avaliação individual e do grupo, através de uma atitude crítica face aos resultados alcançados;
- É importante a avaliação regular do trabalho desenvolvido e do próprio processo;
- A avaliação deve ser partilhada.





quarta-feira, 16 de junho de 2010

Momentos académicos

Durante o meu percurso académico nos últimos três anos, existiram vários momentos que me marcaram de forma positiva.
Sinto-me privilegiada por toda a aprendizagem e conhecimentos que venho adquirindo neste curso de Animação Sociocultural, que tanto me fascina, mas também, por todos os momentos de convívio e pelas amizades que construi, as quais, tenho a certeza que perdurarão no tempo.



Aqui ficam alguns registos fotográficos desta caminhada

Visita ao museu de Barcelos no âmbito da unidade curricular de Animação Sociocultural realizada no segundo semestre do 1º ano


Realização de um Fantoche e de uma máscara, no âmbito da Unidade Curricular de Ateliês de Artes I, no 4º Semestre


Trabalhos realizados, no âmbito da Unidade Curricular de Ateliês de Artes II, no 5º Semestre

Árvore de sabão


Exposição "Árvores de Natal"


Em Março de 2010 iniciei o estágio académico num Lar de Terceira Idade ("Cantinho dos Avós" - Fiães). Realizei várias actividades com um grupo heterogéneo mas que considerei muito coeso na participação das tarefas propostas.
Deixo, aqui, algumas imagens de momentos que me marcaram.







No âmbito da unidade curricular de Politicas e Gestão Cultura realizamos uma viagem a Berlim – Alemanha. Tinha como objectivo explorar o património mundial, que se centrou na Ilha dos Museus. Apresento algumas imagens desta viagem:





Exposição com fotografias dos vários monumentos visitados, em que realçamos o muro de Berlim.


Finalmente Finalista!

 

sábado, 5 de junho de 2010

Aprendizagem colaborativa e aprendizagem cooperativa

Aprendizagem colaborativa: é um recurso na área de educação que consiste em estabelecer um procedimento onde o aluno, ou usuário, em conjunto com o professor, estabeleçam buscas, compreensão e interpretação da informação de assuntos determinados.
Esta aprendizagem, coloca os membros de uma comunidade de forma a poderem contribuir com os seus conhecimentos. O processo de ensino aprendizagem não envolve somente a ligação professor/aluno, mas sim, todos aqueles que fazem parte do grupo de aprendizagem.

A aprendizagem colaborativa permite a troca de experiência; o ponto de partida e de chegada da aprendizagem, é por meio das relações advindas de experiências que envolvem a acção de conhecer e a possibilidade de escolha, tornando o conhecimento mais significativo.


A Aprendizagem cooperativa é um processo educacional onde os participantes ajudam e confiam uns nos outros para atingir um objectivo definido.

Objectivo comum - O que é comum às estruturas é que as pessoas trabalham juntas, para atingir um objectivo comum. Trocam ideias em vez de trabalharem sozinhos, ao contrário de trabalhos em grupo, em que não há garantias de que todos serão participativos. A aprendizagem cooperativa está estruturada de tal forma, que um aluno não se possa aproveitar dos esforços de um colega.

Possibilidades- A aprendizagem cooperativa/colaborativa é interactiva e como um membro do grupo, a pessoa pode:

1.Desenvolver e compartilhar um objectivo comum.
2.Compartilhar a sua compreensão do problema: questões; insights e soluções.
3.Responder ou/e trabalhar para compreender os questionamentos, insights e soluções dos outros.

Podemos assim dizer, que a aprendizagem cooperativa representa uma educação em que os actores envolvidos no processo não trabalham sozinhos ou isolados no processo de construção do conhecimento. Compartilham-se ideias em rede, de modo que aquilo que uma pessoa construiu possa estar aberto ao público para discussão e até mesmo edição. Passa-se, então, a um processo de construção colectiva, onde todos os envolvidos podem interagir e construir de maneira conjunta novos conhecimentos.

Ao falar de aprendizagem cooperativa é possível fazer algumas observações quanto a estruturas de funcionamento do assunto tratado.
Segund, Maçada e Tojiboy (1998) "o conceito de cooperação é mais complexo, pois pressupõe a interacção e a colaboração, além de relações de respeito mútuo e não hierárquicas entre os envolvidos, uma postura de tolerância e convivência com as diferenças e um processo de negociação constante". Cabe ainda frisar o que as autoras dizem a este respeito:
"Para existir cooperação deve haver, interacção, colaboração, mas também objectivos comuns, actividades e acções conjuntas e coordenadas" (MAÇADA e TIJIBOY, 1998).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Metodologia Investigação-Acção/Animação Sociocultural/Animador Sociocultural

Pode descrever-se a Investigação-Acção como uma metodologia de pesquisa assente em fundamentos pós-positivistas que encara na acção uma intenção de mudança e na investigação um processo de compreensão. Com a investigação há uma acção deliberada de transformação da realidade, um duplo objectivo, portanto, «transformar a realidade e produzir os conhecimentos que dizem respeito às transformações realizadas» (Hugon e Seibel, 1988, cit. in Barbier, s.d.).

A Investigação-Acção constitui uma forma de questionamento reflexivo e colectivo de situações sociais, realizado pelos participantes, com vista a melhorar a racionalidade e a justiça das suas próprias práticas sociais ou educacionais bem como a compreensão dessas práticas e as situações nas quais aquelas práticas são desenvolvidas; trata-se de investigação-acção quando a investigação é colaborativa, por isso é importante reconhecer que a Investigação-Acção é desenvolvida através da acção. "A investigação em Animação sociocultural caracteriza-se pela utilização dos conceitos, das teorias e dos instrumentos que se empregam também noutras ciências (...) com o fim de dar resposta aos problemas e interrogações que se colocam a partir dos diversos âmbitos de trabalho (...) orienta-se para a mudança, o aperfeiçoamento e a transformação da realidade social."(Trilla,J.1998)


Trilla (2004) apresenta-nos 2 tipos de metodologias que caracterizam a investigação em animação.

Investigação - Acção, metodologia de investigação orientada para o aperfeiçoamento da prática mediante a mudança e para a aprendizagem a partir das consequências das mudanças: é participativa; segue uma espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão.

A Investigação - Acção deve estar definida por um plano de investigação e um plano de acção, tudo isto suportado por um conjunto de métodos e regras. São as chamadas fases neste processo metodológico.

De entre várias propostas destacaremos a proposta apresentada por Pérez Serrano.

Na perspectiva de Perez Serrano (citado por Trilla, 2004), um processo de investigação acção tem de passar pelas seguintes fases:

1. Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática «problema».
2. Construção de um plano de acção.
3. Proposta prática do plano e observação da maneira como funciona.
4. Reflexão, interpretação e integração de resultados. Replanificação.

Trilla (2004) apresenta-nos 2 tipos de metodologias que caracterizam a investigação em animação.

Por um lado, as Metodologias Quantitativas e Empírico - Analíticas que se centra nos aspectos quantitativos dos fenómenos sociais e educativos. No entanto, o seu âmbito de aplicação fica reduzido a fenómenos observáveis susceptíveis de mediação, controlo experimental e análise estatística.

Ainda que esta perspectiva metodológica não possa abordar os múltiplos aspectos da realidade sociocultural e educativa, as suas contribuições são muito valiosas.

As Metodologias Qualitativas. Humanístico - Interpretativas e Orientadas para a Mudança, orienta-se para a descrição e a interpretação dos fenómenos socioculturais e interessa-se pelo estudo dos significados e intenções das acções a partir da perspectiva dos próprios agentes sociais. Como metodologias orientadas para a mudança, podemos aludir à investigação - acção; à investigação participativa e avaliativa.

A Animação Sociocultural tendo como principal preocupação os interesses e aspirações dos indivíduos, leva a cabo um conjunto de acções que potenciam o seu próprio desenvolvimento e contribuem para a sua autonomia a vários níveis (cultural, psicológico, social, afectivo e político), no sentido de provocar a participação activa. Neste sentido, a animação sociocultural traduz-se:
- Numa intervenção social e comunitária adaptada a um dado contexto económico, cultural, social e político;
- Num processo de desenvolvimento de iniciativas que visem mobilizar os indivíduos, os grupos e as comunidades;
- Na problematização da relação ou interacção entre actores sociais considerados individual ou colectivamente, a fim de favorecer a comunicação e a participação;
- Na sensibilização e transmissão de instrumentos metodológicos que permitam aos actores formularem as suas necessidades e de serem eles próprios a dar-lhes as respostas adequadas.
-No ensino e ensaio de metodologias de intervenção-acção que permitem favorecer uma dinâmica de inovação e de mudança social e cultural.

Pode então afirmar-se que o Animador Sociocultural se centra em quem tem de animar, que vive uma situação existencial específica, com as suas experiências e interesses. É a partir desta base que se concentra no que fazer e como fazer. Qualquer método da animação tem como eixo fulcral a valorização da pessoa pelo que é realmente, aceitando independentemente das suas condições. Daqui se compreende a ideia de que ao mesmo tempo que o animador tem que ser sensível na relação com os outros, terá que ser humano em si mesmo, assimilando atitudes fundamentais, tais como saber escutar e interpretar.
Os Animadores devem escolher o estilo de liderança que maximize as hipóteses de funcionalidade da acção. Os Animadores mais eficazes são suficientemente flexíveis para seleccionar o estilo de liderança que melhor se adapte às necessidades do grupo. Animador Sociocultural é todo aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, é capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas.

TRILLA, Jaume (coord.). (2004). Animação Sociocultural Teorias Programas e Âmbitos. Lisboa. Instituto Piaget.

QUINTAS, Sindo Froufe. (1998). Las Técnicas de Grupo en la Animación Comunitaria. Salamanca: Amarú Ediciones.

A importância do "Trabalho de Projecto" e a Animação Sociocultural

O "Trabalho de projecto"é importante para a ASC e o Animador, na medida em que através desta metodologia é possível:
- Pratica de competências sociais, tais como a comunicação, o trabalho em equipa, a gestão de conflitos, a tomada de decisões e a avaliação de processos;
-  Aprender fazendo, para ligar a teoria à prática, para realizar uma interdisciplinaridade com "os pés assentes no chão";
- Realizar aprendizagens e desenvolver as múltiplas capacidades das pessoas;
- Aprender a resolver problemas partindo das situações e dos recursos existentes.

Metodologia de Trabalho de Projecto

A Metodologia do Trabalho de Projecto, é uma proposta pedagógica "recente" que torna possível o desencadear de um verdadeiro crescimento pessoal e profissional, consistindo essencialmente numa actividade a desenvolver em equipa, durante a qual se procura tratar de um problema (com raízes na envolvente social). Trata-se de um óptimo treino de trabalho em grupo, aprendizagem pela prática e pelo esforço físico.

A Metodologia do Trabalho de Projecto consiste na adopção de um conjunto de procedimentos, técnicas e instrumentos com vista a atingir os objectivos do projecto. Podemos identificar três principais fases, cada uma delas de importância vital para o êxito do empreendimento:
Fase de estudos: trata-se de uma fase preliminar, em que se recolhem e ponderam informações de interesse sobre o assunto do projecto e estabelece a comunicação com entidades relevantes, para discutir e culminar numa decisão: a de fazer ou não nascer um projecto. Se se pretender o avanço do projecto, então passar-se-a à fase seguinte.
Fase de planeamento: com base em informações anteriores, durante esta fase estabelece-se a estratégia do projecto, definem-se as linhas de acção, identificam-se os recursos e calendarizam-se as tarefas. Este trabalho deve ser documentado e realizado pela equipa de projecto, ou pelo menos por parte dela, uma vez que vai ser necessário dispor de várias informações, incluindo de natureza técnica, de tal modo que o planeamento efectuado seja realista.
Fase de realização: são executadas as acções definidas no plano de projecto. Isto implica a mobilização atempada dos recursos humanos e materiais e o acompanhamento das acções por parte da gestão do projecto. Se houver desvios ao planeado, deverão ser estudadas e colocadas em prática medidas de recuperação, de tal modo que os objectivos do projecto não resultem comprometidos. Reformulações do plano inicial poderão ter consequências indesejáveis, mas por vezes isso é inevitável, face a contratempos imponderáveis.
Ao longo destas fases, deve sempre estar presente um forte espírito de equipa e uma firme liderança rumo aos objectivos. Uma preocupação permanente com a qualidade e com a avaliação é também um factor muito importante. A equipa de projecto deverá reunir-se frequentemente, para monitorizar o progresso e coordenar as acções. A vários níveis, convirá ir tomando acções correctivas sempre que houver desvios. Certamente que uma equipa que desenvolva projectos reflecte bastante sobre a sua acção, procurando aplicar nos projectos futuros os ensinamentos resultantes das experiências anteriores.

Objectivos da metodologia do trabalho de projecto

- Desenvolver um trabalho em grupo
- Identificar e possibilitar a compreensão dos problemas
- Perceber o  investigador como pessoa reflexiva
- Possibilitar o crescimento e desenvolvimento a todos os níveis
- Promover todos e cada um
- Estimular a cooperação entre todos os elementos da comunidade educativa
- Permitir o desenvolvimento equilibrado da Pessoa Humana
- Privilegiar as dinâmicas de grupo
- Contribuir para a maturação pessoal

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Metodologia/Método/Técnica

A Metodologia é o estudo dos métodos. Ou então, as etapas que se devem seguir num determinado processo. Tem como objectivo captar e analisar as características dos vários métodos disponíveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização. Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também considerada uma forma de conduzir a pesquisa ou um conjunto de regras para ensino de ciência e arte.
"O saber do animador refere-se aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar convenientemente a sua tarefa formativa, entre os quais são de destacar o Método da Animação, nas suas diferentes vertentes." (Jardim, 2003)
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista, etc.) do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. A metodologia pode ser dividida em vários métodos até chegar num determinado objectivo.
Segundo Ander-Egg (2000), apesar das diferentes propostas metodológicas, no campo da animação existe acordo no seguinte aspecto: deve ser uma metodologia participativa e dialogante que, em todos os seus momentos e acções, tende a gerar processos, que implicam todas as pessoas.

Método (do Grego methodos, met' hodos que significa, literalmente, "caminho para chegar a um fim").
Para Decartes, em toda a obra permeia a autoridade da razão, conceito banal para o homem moderno, mas um tanto novo para o homem medieval (muito mais acostumado à autoridade eclesiástica). A autoridade dos sentidos (ou seja, as percepções do mundo) também é particularmente rejeitada; o conhecimento significativo, segundo o tratado, só pode ser atingido pela razão, abstraindo-se a distracção dos sentidos. Uma das mais conhecidas frases do Discurso é “Je pense, donc je suis”, o acto de duvidar como indubitável, e as evidências de "pensar" e "existir" ligadas.
"O método da animação tem-se revelado, nos últimos tempos, como um dos métodos mais eficazes para a revitalização da vida pessoal e social, uma vez vez que consegue responder a algumas das perguntas fundamentais da vida. Fá-lo intervindo na forma como são cultivadas as sementes presentes no interior da pessoa e tende em vista frutos de vida nova" (Jardim, 2003)

Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objectivo obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra actividade. Estes procedimentos não excluem a criatividade como factor importante da técnica, como os conhecimentos técnicos e a capacidade de improvisação. A técnica não é privativa do homem, pois também se manifesta na actividade de todo ser vivo e responde a uma necessidade de sobrevivência. No animal, a técnica é característica de cada espécie. No ser humano, a técnica surge de sua relação com o meio e caracteriza-se por ser consciente, reflexiva, inventiva e fundamentalmente individual. O indivíduo aprende-a e fá-la progredir. Só os humanos são capazes de construir, com a imaginação, algo que logo podem concretizar na realidade. Campos de acção: o campo da técnica e da Tecnologia responde ao interesse e à vontade do homem de transformar o seu ambiente, procurando novas e melhores formas de satisfazer as suas necessidades ou os seus desejos. Esta actividade humana e ao seu produto resultante, chamamos técnica e Tecnologia, segundo o caso. A técnica também pode ser passada de geração para geração. A palavra tem origem do grego techné cuja tradução é arte. A técnica, portanto, confundia-se com a arte, tendo sido separada desta ao longo dos tempos.
"A entrevista constitui um dos instrumentos mais eficazes para avaliar o percurso evolutivo da animação sócio cultural em Portugal. Trata-se de uma técnica, também, para diversos fins, mas, habitualmente, tem em vista algo mais do que a simples compilação de dados, uma vez que é utilizada igualmente, para informar, educar, orientar, motivar, etc., conforme o propósito profissional que se persegue (...)." (Lopes, 2006)

Para pensar!

"Um Toque"

Olhou-me fixamente nos olhos
E abriu um sorriso inocente.
Tinha pouco mais de um metro,
Olhos vivos e expressivos,
Cabelo desalinhado.
Estava cansado das corridas
Mas uma alegria Extrema transparecia
No olhar, na face rosada,
Na camisa por fora dos calções.
Toqou-me na perna e foi-se.
Ainda hoje não sei porque parou.
Algo lhe despertou o interesse.
Talvez a inquietude
Ou o olhar triste e vazio.
Sei apenas que passou por mim e parou.
Não falou.
Não fez qualquer pergunta.
Mas disse tudo o que eu precisava de ouvir:
Que havia alegria,
Que havia esperança,
Que o mundo tem futuro.
Que é possivél comunicar
Sem fazer grandes discursos,
Sem tirar muitos diplomas.
Simplesmente acreditar,
E viver e sorrir
E amar.
Madalena Rubalinho

sábado, 24 de abril de 2010

Lei de bases do sistema educativo/animação sociocultural

A Lei de Bases do sistema Educativo nº 49/2005 de 30 de Agosto veio alterar o Sistema Educativo, essencialmente ao nível do ensino superior.

Âmbito e definição (art. 1º)
O sistema educativo é um conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação, que se exprime pela garantia de uma permanente acção formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade o progresso social e a democratização da sociedade”.
Assim, o progresso social, o desenvolvimento global e a democratização da sociedade, constituem elementos chaves, onde a animação sociocultural pode efectuar a sua intervenção, com vista à melhoria das condições de todos os intervenientes no processo educativo.

De acordo com o nº4 do art. 1º, o papel da animação sociocultural pode ser relevante no desenvolvimento e divulgação da cultura portuguesa, através do trabalho em parceria com outros países, onde existam comunidades de portugueses.

Princípios gerais (art. 2º)

Todos os cidadãos portugueses têm direito à educação e à cultura, bem como à igualdade de oportunidades no “acesso e sucesso escolares”. Em Portugal, as pessoas preocupam-se com o acesso escolar, mas não com o sucesso. Neste sentido, a animação sociocultural tem a função de sensibilizar os indivíduos e grupos para a importância, não só do acesso, mas também do respectivo sucesso.
O sistema educativo tem o propósito de responder às necessidades constantes da realidade social. Desta forma, a ASC pode trabalhar o incentivo para a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários, valorizando o trabalho dos cidadãos.
A educação promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista (...) formando cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva”. ASC pode intervir nesta transformação, que envolve todos os cidadãos e comunidade.

Princípios Organizativos (art. 3º)

Entre outros aspectos, o sistema educativo organiza-se de forma a “desenvolver a capacidade para o trabalho (...) que permita ao indivíduo prestar o seu contributo ao progresso da sociedade em consonância com os seus interesses, capacidades e vocação”. A sociedade espera que sejamos cidadãos activos, pois cada um de nós pode ter a sua vocação. A ASC pode contribuir para a descoberta da missão que cada cidadão deve ocupar na sociedade.
A ASC também trabalha no sentido de dar o seu contributo para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, “não só pela formação para o sistema de ocupações socialmente úteis mas ainda pela prática e aprendizagem da utilização criativa dos tempos livres”.
Descentralizar, desconcentrar e diversificar as estruturas e acções educativas de modo a proporcionar uma correcta adaptação às realidades, um elevado sentido de participação, uma adequada inserção no meio comunitário e níveis de decisão eficientes”, espelha bem os princípios subjacentes à ASC.
Assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade aos que dela não usufruíram na idade própria” e a todos aqueles que procuram a escola, por motivos profissionais ou de promoção cultural, devidas, designadamente, a necessidades decorrentes da evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos. A tecnologia está em constante evolução num curto espaço de tempo e fundamenta a acção da ASC.
Contribuir para a correcção das assimetrias de desenvolvimento regional e local”, promovendo a igualdade no acesso à cultura, educação e ciência.
Assegurar a igualdade de oportunidades para ambos os sexos”, tendo a ASC um papel importante na coeducação, sensibilizando, para isso, os intervenientes no processo educativo.
Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos, através da adopção de estruturas e processos participativos na definição da política educativa”. Desta forma, faz, cada vez mais sentido a participação de todos estes elementos na gestão escolar pedagógica e educativa.

Organização geral do sistema educativo (art. 4º)

O sistema educativo compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar”. A ASC identifica-se com a educação extra-escolar.
A educação escolar (...) integra modalidades especiais e inclui actividades de ocupação de tempos livres”, onde a ASC também se encontra integrada.
A ASC está presente num quadro que integra iniciativas múltiplas de natureza formal e não formal.

Objectivos (art. 7º e 9º)

A ASC presta um contributo relevante na prossecução dos objectivos explanados no art. nº 7 e nº 9, referentes ao ensino básico e secundário, tendo como fim último, respectivamente, contribuir para a criação de condições de promoção do sucesso escolar e educativo de todos os alunos, bem como o desenvolvimento de atitudes de reflexão metódica, de abertura de espírito, de sensibilidade e de disponibilidade e adaptação à mudança.

Ficha Filmica

Grelha de Observação e Análise de Sequências Fílmicas

Ficha Técnica

Filme: A guerra do Fogo (1981)
Realização: Jean-Jacques Annaud

Género: Fantasia – Aventura

Duração: 97 min

Origem: França - Canadá

Interpretação: Everet Mc Gill, Ron Perlman, Nicholas Kadi, Era Dawn Chong

Fotografia: Claude Agostini

Música: Philippe Sarde

Roteiro: Gérard Brach



Análise Globalizante

Exposição das ideias principais

O filme passa-se nos tempos pré-históricos, em torno da descoberta do fogo. Uma das tribos do filme vive em torno de uma fonte natural de fogo. Quando este se extingue, três membros saem em busca de uma nova chama. Depois de vários dias andando e enfrentando animais pré-históricos, eles encontram outra tribo (mais evoluída), que descobriu como fazer fogo. Para que o segredo seja revelado, eles sequestram uma mulher. A crueldade e o rude conhecimento de ambas as tribos vão sendo revelados. O filme foi elogiado por criar ambiente e personagens convincentes, por meio da maquilhagem e da linguagem primitiva.


Apresentação dos aspectos positivos / negativos

Aspectos positivos: A convivência em grupo; a descoberta do fogo; a descoberta das relações sexuais; a descoberta de ervas medicinais; socialização; coesão e progresso do grupo (progresso que seria impensável sem um esforço conjunto); criação de ambiente e personagens convincentes (por meio da maquilhagem e da linguagem primitiva).

Aspectos negativos: As tribos eram atacadas por outras espécies, por animais ferozes; não conseguiam fazer fogo; lutavam por alimentos, água, mulheres e fogo; adopção de atitudes de selvajaria.

Pertinência pedagógica: Trata-se de um filme cultural que nos dá uma perspectiva da evolução da espécie humana em várias vertentes da sua dimensão (socialização, comunicação, sexualidade).

Palavras-chave: Pré-histórico; fogo; descoberta do fogo; sobrevivente; homem Pré-Histórico; invenção; posição sexual; sobrevivente; estupro; procura; idioma inventado; canibalismo; violência; descoberta; sem diálogos; mulher grávida; caça e corpo pintado;

Análise Concentrada

O filme “A guerra do fogo” é uma narrativa que apresenta as diferenças entre dois grupos de hominídeos. O primeiro grupo, composto por integrantes que quase não se diferenciam dos macacos por não terem fala e se comunicarem por meio de gestos e grunhidos, é pouco evoluído e considera o fogo algo sobrenatural, porque não o dominam, não o compreendem, não possuem o conhecimento técnico sobre sua produção. O outro grupo é mais evoluído, possuindo uma comunicação (rudimentar, mas mais articulada que a do primeiro grupo) e hábitos mais complexos; entre estes hábitos, a capacidade de produzir fogo.

No início do filme, dois grupos de hominídeos confrontam-se e, terminada a luta, percebem que o fogo que mantinha aceso tinha-se apagado. O grupo, que acabara de perder aquela única chama que conservava, enviou três de seus membros em busca de uma nova chama, que poderia significar a busca de um novo recomeço para a vida que, de certo modo, havia sido apagada.

Iniciada a jornada em busca de fogo, os três personagens passam por algumas situações (como quando são encurralados por tigres e refugiam-se no topo de uma árvore, passando ali certo tempo alimentando-se de folhas). Seguidamente, os hominídeos deparam-se com um grupo de canibais e conhecem uma “fêmea” (mulher). Depois, conhecem o grupo do qual a fêmea faz parte. Em contacto com ela (que é de um grupo mais evoluído), aprendem coisas novas. Isso não ocorre por acaso, já que ela domina uma linguagem muito mais elaborada e até mesmo coloca o riso em prática, o que se apresenta estranho aos hominídeos menos evoluídos.

Em contacto com essa tribo, os três “caçadores de fogo” observam uma linguagem diferente da deles, construções diferentes (cabanas) das que eles usavam (cavernas), pinturas corporais e outros modos de simbologia (o ser humano é um produtor de símbolos). Os três percebem também o uso de novas ferramentas e de novas técnicas. Entre elas, a produção do fogo a partir do atrito de uma vareta de madeira com uma superfície também de madeira.

Auto-avaliação: Há muitos anos atrás erguia-se o alvorecer da Humanidade. O Homem pré-histórico sabia conservar o fogo oferecido pelos acasos da natureza, mas não criá-lo artificialmente. Nesta época cruel, o fogo assegurava a sobrevivência da espécie. As hordes organizavam-se em volta da sua força benfeitora, os que o possuíam, possuíam a vida.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Perfil do Animador sociocultural

O Animador Sociocultural é um técnico, possuidor de uma formação adequada, capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas. O animador assume a responsabilidade de um agente de desenvolvimento.


Para desempenhar correctamente as suas funções, o animador deve ter em conta três áreas indispensáveis: o ser, o saber e o saber-fazer.

- O ser, é constituído pela sua identidade pessoal;

- O saber, refere-se aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar convenientemente a sua tarefa formativa.

- O saber-fazer, reporta-se à metodologia que usa para dar vida ao grupo com quem trabalha, o qual é sempre o reflexo do seu ser e do seu saber.

O animador sócio – cultural é o agente que põe em funcionamento, que facilita e dá continuidade à aplicação dos processos de animação. Este dinamizador da mobilidade social está ao serviço de uma instituição pública ou privada de carácter administrativo ou associativo e de modo voluntário ou profissional, promove a intervenção sócio – cultural na comunidade em que actua. O seu trabalho técnico apoia-se na relação pessoal com os destinatários, a sua integração no grupo e o de facilitar nele os processos de coesão, vivências ou experiências e tomar posições activas sobre o meio em que se realiza a animação.”

http://revistapraticasdeanimacao.googlepages.com

Esta definição evidencia algumas das características/competências do animador sociocultural, nomeadamente, ser um agente social de mudança que facilita a intervenção do grupo, partindo deste. Actualmente, passou-se de destinatários ou grupo – alvo, a sujeitos de acção, pela condição essencial de participação dos mesmos mas em parceria com os profissionais. Só demonstra que o próprio perfil de competências tem-se alterado ao longo das últimas décadas, uma vez que, “o animador é também um membro do grupo, e tem como função não só procurar a autonomia do mesmo, como também fomentar o enriquecimento das actividades, tomando-as de qualidade e enquadrando-as em função das necessidades e aspirações de todos, de modo a que o conjunto de indivíduos envolvidos possa beneficiar da criatividade de cada um.” (TRACANA, 2006)

 Este técnico deve ser um líder democrático com uma visão de conjunto, com capacidade de tomar decisões, mediar conflitos, promover o diálogo, com o intuito de “proporcionar assessoria técnica para que o grupo ou o colectivo encontre resposta às suas necessidades e problemas, e se capacite para organizar e conduzir as suas próprias actividades” (Ander-Egg, 1999) sempre com vista à liberdade, autonomia e num contexto de reciprocidade.

Toda esta capacidade inerente ao processo interventivo exige formação ao longo da vida. Porque não é fácil ser objectivo, compreender os outros e o seu mundo interior e conjugar interesses. É importante a revisão de conhecimentos e aquisição de novas experiências como forma de estimular a sua criatividade. É fundamental a auto e hetero – avaliação, para que o animador aprenda com os erros e cresça pessoal e profissionalmente com as experiências positivas e negativas.

 Como refere FERREIRA (1999) "aprender a aprender não se circunscreve a uma etapa da vida, nem se limita a um determinado conteúdo ou espaço. Aprendemos em todas as circunstâncias, em todas as idades, em todos os locais e com todas as pessoas que tenham a capacidade de comunicar uma mensagem ou de exercer alguma influência sobre nós: família, amigos, vizinhos, colegas…Aprende-se vivendo e vive-se aprendendo.

No entanto, uma das melhores “armas” do animador é a capacidade de improvisação. O facto de não desistir, lutar e procurar soluções para as adversidades quotidianas, cooptada ao conhecimento técnico, é uma das formas mais eficazes de ultrapassar os problemas e ajudar os sujeitos. Desde que as estratégias não ponham em causa os princípios éticos e estejam sempre associadas aos valores humanos.

Nesta perspectiva animador, necessita de conhecimentos técnicos para: articular solidariedade, compromisso, responsabilidade e participação democrática; trabalhar em equipa, de forma democrática, em contextos informais; mediar conflitos e interesses individuais e comunitários; criar condições para o surgimento e renovação de grupos, através da suplantação das barreiras criadas pela simbologia da linguagem, cultura, hábitos e costumes.

Bibliografia

ANDER-EGG, Ezequiel (1999). O Léxico do Animador. Amarante: ANASC Associação Nacional de Animadores Socioculturais.

FERREIRA, Paulo (1999). Guia do Animador: Animar uma actividade de formação (3ª Edição). Lisboa: MULTINOVA - União Livreira e Cultural S.A.

TRACANA, Maria Emília (2006). A importância do Animador na Sociedade Actual. In Anim'arte: revista de animação sócio - cultural.

O que se entende por Educação?

O universo educativo pode ser dividido em três áreas: formal, não formal e informal.

A educação formal remete-nos para a existência de um currículo, é uma actividade organizada e sistemática que acontece em instituições educativas formais (escolas, universidades);

A educação não-formal é toda a actividade organizada, sistemática, que acontece fora do sistema formal;

A educação informal é um processo educativo não organizado que decorre ao longo da vida da pessoa proveniente das influências educativas da vida diária e do meio ambiente

A educação está intimamente ligada ao processo de socialização (à transmissão de valores, normas, crenças e comportamentos) e de uma forma mais restrita "o termo educação designa todo acto ou acção intencional, sistemática e metódica que o educador realiza sobre o educando para favorecer o desenvolvimento das qualidades morais, intelectuais ou físicas que toda pessoa possui em estado potencial" (Ander-Egg, 1999).

É habitual situar a ASC basicamente no sector não formal, mas assiste-se cada vez mais à permeabilização da fronteira entre estes três sectores educativos.

Trilla (1997) defende que a ASC poderá colaborar nesta tarefa de interligação das várias dimensões da educação.
Actualmente, tendo em conta a evolução do próprio conceito de educação que antes era entendido e associado estritamente aos parâmetros escolares e formais, vários autores defendem o papel da ASC nas várias vertentes da educação.
Portanto, situar a ASC apenas no sector não formal torna-se algo redutor pois os seus programas acontecem em contextos institucionais não formais (como universidades populares, centros de educação do tempo livre); em contextos educativos informais (como por exemplo em espaços urbanos abertos) e também em contextos institucionais próprios da educação formal.

O próprio conceito de educação tem sofrido mutações, não é uma tarefa exclusiva da escola, significa muito mais do que simplesmente instruir e não existe uma idade própria ou específica para se ensinar. A educação enfrenta novos desafios e exigências, assume novas responsabilidades e tarefas.


Educação/Formação Extra-Escolar

Permitir a cada indivíduo, aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em suprimento da sua carência,  integra-se numa perspectiva de educação/formação permanente e visa a globalidade e a continuidade da acção educativa/formativa.

Neste sentido, os vectores que suscitam maior preocupação são: a eliminação do analfabetismo literal e funcional (nas sociedades desenvolvidas, será o analfabetismo tecnológico e digital); a contribuição para a efectiva igualdade de oportunidades educativas/formativas e profissionais dos mais desfavorecidos; a promoção de atitudes de solidariedade social e de participação na vida da comunidade; a preparação para o emprego através da reconversão e do aperfeiçoamento; o desenvolvimento de aptidões tecnológicas (digitais); a ocupação dos tempos livres.

A Educação/Formação Extra-Escolar visa permitir a cada indivíduo, aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em suprimento da sua carência e integra-se numa perspectiva de educação/formação permanente e visa a globalidade e a continuidade da acção educativa/formativa.

Neste sentido, os vectores que suscitam maior preocupação são: a eliminação do analfabetismo literal e funcional (nas sociedades desenvolvidas, será o analfabetismo tecnológico e digital); a contribuição para a efectiva igualdade de oportunidades educativas/formativas e profissionais dos mais desfavorecidos; a promoção de atitudes de solidariedade social e de participação na vida da comunidade; a preparação para o emprego através da reconversão e do aperfeiçoamento; o desenvolvimento de aptidões tecnológicas (digitais); a ocupação dos tempos livres.

Os cursos da E/FEE distinguem-se dos cursos do ensino recorrente pela amplitude e abrangência do âmbito dos programas e conteúdos, dos processos e métodos, pelas estratégias e actividades utilizadas, que permitem uma intervenção fomentadora e geradora de desenvolvimento na comunidade.
As pessoas que frequentam os cursos da E/FEE, terão muito a ganhar em termos de reconhecimento dos saberes e competências adquiridos Estes cursos têm como finalidades: permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos, na dupla perspectiva de conhecimento integral do homem e da sua intervenção e participação no desenvolvimento social, económico e cultural da comunidade; desenvolver a capacidade para o trabalho, numa atitude positiva face à formação/educação e às necessidades de aperfeiçoamento e de valorização pessoal e social.
Os cursos devem estar incluídos em projectos locais de educação/formação de adultos (e idosos), devidamente articulados entre si e com outras actividades (formais, não formais e informais) que os constituem.
Os programas, os objectivos e a áreas curriculares de cada curso, devem ser estabelecidas em função de um diagnóstico prévio com o grupo de formandos/educandos tendo sempre em atenção a heterogeneidade e as necessidades educativas/formativas dos participantes e os problemas das comunidades em que se inserem, concorrendo para o desenvolvimento integrado e sustentado das populações, onde os participantes destes cursos se sintam o motor de desenvolvimento e não de objecto dos mesmos.

Importância da Formação em Animação Sociocultural

No decorrer do exercício da minha actividade profissional com a população idosa no Centro de Dia, valência inserida no Centro Social de Lourosa, tenho desempenhado funções de apoio à área de Animação sociocultural, realçando que, durante um longo período, a Instituição não tinha Técnico de Animação sociocultural.
Logo no início observei, que os idosos, por si só, passavam o seu tempo sentados, inactivos, apresentando um ar triste e melancólico. No entanto, no decorrer das minhas tarefas, eu tinha o hábito de me abeirar deles, para melhor os conhecer e entender a forma como eles gostariam de ocupar o seu tempo, no período em que se encontravam no Centro de Dia. Estes cidadãos estabeleciam diálogo comigo, gostavam de falar sobre a sua história de vida e sentiam-se imensamente felizes ao serem ouvidos com atenção e interesse.
De acordo com os contactos que ia mantendo com aqueles cidadãos, percebi, que eles (alguns com alguma dependência física e mental) encontravam-se no Centro de dia, porque viviam sozinhos nas suas casas. Uns porque não tinham família, outros tinham filhos mas exerciam actividade profissional, pelo que, durante as horas normais de trabalho não estavam em casa, não possuindo, assim, condições para prestar os cuidados de apoio social, de que os mesmos careciam.
A solidão era de facto, uns dos principais motivos da sua estadia no Centro de Dia. A par desta situação e, tendo em consideração as limitações de fragilidade física e psicossocial, bem como a rotina monótona, a que os mesmos poderiam estar sujeitos na Instituição, eu elaborei e incentivei o desenvolvimento de diversas actividades, que iam ao encontro dos seus desejos (Jogos tradicionais diversos, leitura dos temas principais dos jornais diários e revistas “cor-de-rosa”, conversas livres, pequenas caminhadas ao ar livre e outros movimentos físicos, passeios, festas, convívios, danças e cantares, promoção e participação em concursos, trabalhos de destreza manual).
A maioria dos frequentadores do Centro de Dia, de acordo com as suas potencialidades, participavam nas actividades, com empenho, entusiasmo, interesse e alegria.
A Direcção da Instituição, reconhecia o meu trabalho, referia que eu tinha uma apetência especial para trabalhar com a população idosa, dirigindo-me a observação de que só me faltava o “diploma”.
Nesta sequência, eu vinha sentindo a necessidade de adquirir bases teóricas que sustentassem o trabalho, que vinha desenvolvendo, pois eu gostava bastante de lidar e trabalhar com esta faixa etária da população, gosto que era recíproco.
Assim, iniciei e desenvolvi o meu percurso académico no ensino superior, no curso de Animação sociocultural.
Ao longo deste percurso fui percebendo que a experiência profissional, que me tinha ajudado a desenvolver a minha actividade profissional era uma aquisição valiosa, mas, de todo, insuficiente, se queremos desenvolver um trabalho tecnicamente sustentado.
O que fui aprendendo ao longo deste percurso escolar (aquisição de bases teóricas, que incluem a importância da realização dos trabalhos sustentados em estudos de vários teóricos) em muito tem contribuído, para a minha compreensão sobre a problemática do envelhecimento. Perante a minha profissão, esta situação permitiu que eu adquirisse uma nova postura e um olhar um diferente, com capacidade de crítica reflexiva e construtiva.
A este propósito realço a importância que teve para mim, o trabalho que elaborei sobre a velhice e a solidão retratadas no filme “As confissões de Schmidt”, de Alexander Payne.
Fazendo uma sucinta Sinopse do filme, Schmidt acaba de se aposentar de uma firma de seguros, especialista em estatísticas, na cidade de Omaha, Nebraska e vê-se diante de várias encruzilhadas, todas ao mesmo tempo. Ao aposentar-se, ele sente-se completamente perdido. Além disso, sua única filha quer casar com um sujeito que ele considera “simplório” e a sua mulher morre de repente após 42 anos de casamento.
Sem trabalho, sem esposa e sem família, Warren Schmidt sente-se desesperado para encontrar algo que dê sentido à sua vida. Ele parte numa jornada de auto descoberta, investigando suas raízes através do estado do Nebraska, no trailer como havia planeado viajar pelo país com a sua falecida esposa.
Seu destino final consistiu em tentar desesperadamente transpor a barreira que se criou entre ele e sua filha.
Schmidt precisa olhar para a sua própria vida e lidar com a velhice e sua solidão.
Neste filme, a velhice é desnudada e apresentada cruamente, sem eufemismo: pêlos nas orelhas, rugas ao redor dos olhos e a solidão de sentir que a sua vida está acabando, sem que Schmidt tenha feito algo realmente importante, que o faça imortal de alguma maneira.
Em suas reflexões e descobertas, Schmidt lamenta ao constatar que quando ele morrer, e as pessoas que o tiverem conhecido também tiverem morrido, será como se ele nunca tivesse existido, pelo que deixa transparecer o slogan do tipo “dê valor a uma pessoa enquanto você a tem por perto”.
Falar do envelhecimento, da solidão e da morte com verdade, é a proposta do filme.


Reflexão Crítica - Reforma e Isolamento Social
A reforma normalmente tem tendência a favorecer o isolamento social, inactividade e a depressão pela retirada do mundo do trabalho, que independentemente da vontade de cada um, pode gerar no indivíduo falta de importância, de utilidade e de auto-estima, sobretudo numa sociedade em que o indivíduo está ligado ao trabalho e à rentabilidade.
Há autores que chegam a afirmar que a sociedade estimula a consciência do envelhecimento. Como se não bastasse, ocorre num ponto em que a capacidade adaptativa está mais limitada.
Por outro lado, a imposição da reforma sem alternativa de ocupação útil, uma vez que não sendo devidamente preparada, leva frequentemente à inactividade, que, por sua vez, gera o sentido funcional da dependência: «incapaz não necessariamente pelo estado das suas faculdades, mas porque lhe foi retirada a legitimidade social para o fazer» (Pereira, 2008).
- É neste sentido que a reforma favorece o isolamento social, a inactividade e a depressão, pela retirada do mundo do trabalho, independentemente da sua vontade, gera no indivíduo falta de importância, de utilidade e de auto estima, sobretudo numa sociedade em que se valoriza a pessoa ligada ao trabalho e à rentabilidade. Mas a adaptação ao envelhecimento nem sempre se faz da mesma maneira.
Como a esperança média de vida tem vindo a aumentar, pretende-se que as pessoas mantenham uma qualidade de vida razoável à medida que a idade avança. É provavelmente este aspecto que diferencia a velhice bem sucedida de outra mal sucedida.
Esta ideia pode ser apresentada esquematicamente, de forma a se poder reflectir melhor sobre esta questão:

Quadro 1- O ciclo de vida negativo: ciclo vicioso de doença no idoso

- Alguns idosos acomodam-se, tornando-se dependentes e passivos e não fazem nada para alterar as coisas.


Quadro 2 - O ciclo de vida positivo

- Alguns idosos aceitam as perdas próprias da 3ª idade, mas consideram também os ganhos e as actividades compensatórias;
- Alguns idosos realizam o máximo de actividades, no sentido de recusar o envelhecimento;

É óbvio que não podemos generalizar este encadeamento pelo historial do indivíduo e pelo meio sociocultural. Os idosos que consideram a velhice como fenómeno que dá sentido à vida, são felizes e implicam-se mais no meio e na sociedade, o que passa pelo reconhecimento de aspectos positivos (tais como sistema de valores estável).
Tal não significa escamotear que é um facto que o envelhecimento pode acarretar situações de solidão e dependência, mesmo em pessoas que têm uma atitude positiva em relação à vida.
- A dimensão psicológica (carácter geral): a intervenção com as pessoas idosas permite níveis maiores de auto-conceito e auto-estima, bem-estar, realismo perante o apreço das próprias competências, maior estabilidade emocional e diminuição da ansiedade.
Finalmente, no âmbito das perspectivas que mais nos interessa, encontra-se o nível social: a participação na vida comunitária é importante em todos os momentos, mas, particularmente para a pessoa, que chega à idade da reforma e se mantenha activa (através de múltiplas actividades, entre as quais, as educativas, a que nos referiremos posteriormente).
Esta participação é uma referência importante porque permite, entre outros aspectos, novas relações sociais, redes de contacto (associativismo e voluntariado), melhor conhecimento de si próprio e superação da invalidez devido ao contexto da reforma, criação de compromissos e participação no desenvolvimento comunitário ao gerar laços de aproximação na comunidade em que vive.

A Animação Sociocultural como uma área de Intervenção
A animação, a cidadania e a participação constituem a tríade básica da pessoa humana com anima e com animus, digna do ser humano que sente, que tem talento, que interage e se relaciona com os outros, procurando dinâmicas e processos de reflexão – acção rumo ao auto – desenvolvimento” (Peres e Lopes, 2006). Segundo os autores, a animação sociocultural emerge como uma forma de acção numa sociedade que exige cidadãos com cidadania. Isto implica uma participação comprometida com o desenvolvimento e a autonomia do ser humano na comunidade. Os autores referidos salientam que a animação, cidadania e participação devem ser entendidas como práticas transversais à vida da pessoa humana e aos seus sonhos, em direcção a uma sociedade mais justa e solidária.
De acordo com Peres e Lopes (2006), no âmbito da animação sociocultural, é preciso ter presente alguns dos seus contributos, nomeadamente a democracia e a educação popular, que a par de outros elementos estruturantes, constituem modos de vida que implicam passar do ver ao envolver, da passividade à acção, da delegação à participação, ou seja, torna-se imprescindível passar de espectador a actor com responsabilidade ética e política, pois não há animação sem participação. Trata-se de uma participação social que promove o ser humano como actor comprometido, valorizando a cultura como processo de interacção humana e de diálogo intercultural.
Através da planificação e implementação de programas adequados, o Animador sociocultural presta o seu contributo, no sentido de se poder criar novas possibilidades de intervenção e que se possam prever e regular necessidades futuras. Torna-se pertinente, que os diversos “actores” a partir das suas próprias respostas, aprendam e utilizem as informações que eles mesmos geram. Assim, e, como refere Trilla (1998), “favorece-se uma maior flexibilidade e adequação às mudanças”.
Cabe aos profissionais envolvidos num programa de intervenção, entre eles o animador sociocultural, abordar a problemática em questão nas suas circunstâncias globais, que interceptam culturas diversas, valores e oportunidades que determinam comportamentos, os quais se inter-relacionam de uma forma sistémica.

A Animação Sociocultural em Centro de Dia e outras valências similares

Na sequência do que foi referido sublinhamos que “O lazer é um direito humano fundamental, tal como a educação, o trabalho e a saúde, e ninguém devia ser privado desse direito por questões de género, orientação sexual, idade, raça, religião, estado de saúde, incapacidade ou situação económica” (Carta Internacional da Educação, 1993).
Neste contexto e como refere Trilla (1998), uma das funções chave da animação sociocultural, consiste no facto das pessoas e grupos se transformarem em agentes e protagonistas do seu próprio desenvolvimento.
Segundo o mesmo autor “O que interessa nos processos de animação é gerar processos de participação, criando espaços para a comunicação dos grupos e das pessoas, tendo em vista estimular os diferentes colectivos a empreenderem processos de desenvolvimento social (resposta às suas necessidades num espaço, tempo, situações determinadas) e cultural, (construindo a sua própria identidade colectiva, criando e participando nos diferentes projectos e actividades culturais) ”.
Para que os idosos estejam satisfeitos no seu contexto, as suas competências e necessidades devem estar contempladas nas características do mesmo. “Se o contexto for muito exigente ou pouco apelativo, não há adaptação. Deste modo, o ambiente deve apresentar algum desafio, que permita ao idoso desenvolver competências. Porém, se houver demasiados desafios, a sobre-estimulação aumenta o stress e impede o funcionamento. Deste modo, os idosos devem evitar ambientes pouco estimulantes e ambientes que representem muitos desafios” (Osório et al, 1998).
A animação sociocultural (ASC) supõe uma função social na comunidade e é, ao mesmo tempo, um factor operativo para a transformação da realidade nos diferentes grupos sociais.
Nos Lares para idosos, a ASC tem a finalidade de proporcionar actividades de animação aos idosos de uma determinada população, torna-se necessário estimular o convívio e a integração através da ocupação dos tempos livres, de forma adequada e que permita “encarar a velhice como uma etapa de plenitude e realização pessoal” (Osório et al, 1998).
Para esse efeito, os programas de ASC devem ser muito diferentes e adaptados às situações do grupo e respectivas necessidades, pelo que os Animadores socioculturais devem de ser um recurso integral dentro do conjunto dos Técnicos sociais de que os Lares para idosos e seus clientes devem dispor.
A ASC para idosos deve incentivar as boas relações entre os residentes, familiares e pessoal do Lar, intervindo profissionalmente, quando se detectam conflitos; desenvolver os contactos pessoais das pessoas idosas com o exterior do Lar; manter a boa imagem na aparência física dos residentes; estimular os contactos com a família e amigos ou próximos de cada pessoa; estimular o exercício dos conhecimentos e experiências dos residentes; favorecer a criatividade e a expressão corporal, mediante sessões e programas de exercício físico.
A necessidade destes programas revela-se de importância fulcral, porque a pessoa idosa permanece muito tempo desocupada, o que acaba por ser um factor gerador de tensão do idoso que reside no Lar, situação que tem repercussões ao nível da saúde e do bem-estar. “Os estados depressivos são fomentados pelo tempo vazio excessivo, que conduz ao tédio e à apatia, com perda progressiva de identidade, baixa auto-estima” (Trilla, 1998.)
Resumindo, A ASC deve gerar processos geradores de convivência, participação e desfrute do ócio e da cultura.
Neste sentido, a limitação das perspectivas de futuro, a falta de objectivos e as razões para continuar a viver uma vida digna e com sentido, exige uma intervenção rápida e adequada.
Um programa integral de animação sociocultural deve considerar diversos aspectos, nomeadamente os culturais, os psicossociais, o socioeducativo e os terapêuticos. As actividades podem ser variadas (actividades de carácter lúdico, intelectual, psicológico, físico, social; actividades de destreza manual e outro tipo de actividades).
O grande princípio básico consiste em possibilitar às pessoas idosas uma vida digna, para que continuem a aproveitar as oportunidades para o desenvolvimento pessoal e que, no ambiente institucional dos Lares, se crie uma melhor qualidade de vida.
Tendo em consideração estas referências gerais, consideramos que a ASC com as pessoas idosas tem características específicas, que podem centrar-se nas seguintes dimensões:
A dimensão intelectual que, como “ principio da actividade”, deve favorecer a prática do exercício mental, para aquisição de novos conhecimentos, o exercício das actividades cognitivas, a criatividade (literatura, arte, etc.), a autonomia pessoal em relação com as ideias, as crenças, as correntes de pensamento, entre outras.
A dimensão biológica, que deve assumir como referência geral, a manutenção da saúde física nos diferentes âmbitos, já que esta favorece a ausência de muitas limitações a que somos sujeitos com o passar dos anos, se não existir uma prevenção adequada.
A dimensão psicológica (carácter geral): a intervenção com as pessoas idosas permite níveis maiores de auto-conceito e auto-estima, bem-estar, realismo perante o apreço das próprias competências, maior estabilidade emocional e diminuição da ansiedade.
A dimensão social: participação na vida comunitária. Esta participação é uma referência importante porque permite, entre outros aspectos, novas relações sociais, que permitam gerar laços de proximidade com outras pessoas.


Podemos entender que a ASC constitui um recurso para os cidadãos, nomeadamente as pessoas idosas, desenvolverem novos interesses, novas actividades, um estimulante para a vitalidade física e mental e uma forma de ocupar o tempo disponível


 
Bibliografia

- Carta Internacional da Educação para o Lazer - Word Leisure e Recreaction Association, 1993).

- PEREIRA, J. D. L.; VIEITES, M. F.; LOPES, M. S. (Coord.) – A Animação Sciocultural e os Desafios do Século XXI. Ponte de Lima: Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, 2008.

- OSÓRIO, Augustín Requejo – Animación Sociocultural en la Tercera Edad – in BERNET, Jaume Trilla (coord.), Animación Sociocultural, Barcelona, Editorial Ariel, S. A., 1998.

- PEREIRA, J. D. L.; VIEITES, M. F.; LOPES, M. S. (Coord.) – A Animação Sciocultural e os Desafios do Século XXI. Ponte de Lima: Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, 2008.

- PERES, Américo N.; LOPES, Marcelino S. (Coord.)– Animação, Cidadania e Participação – Editora APAP (Associação Portuguesa de Animação e Pedagogia), Chaves, 2006.

- TRILLA, J. (Coord.) – Animação Sociocultural – Teorias, Programas e Âmbitos. Lisboa: Editorial Ariel, 1998.