Pode descrever-se a Investigação-Acção como uma metodologia de pesquisa assente em fundamentos pós-positivistas que encara na acção uma intenção de mudança e na investigação um processo de compreensão. Com a investigação há uma acção deliberada de transformação da realidade, um duplo objectivo, portanto, «transformar a realidade e produzir os conhecimentos que dizem respeito às transformações realizadas» (Hugon e Seibel, 1988, cit. in Barbier, s.d.).
A Investigação-Acção constitui uma forma de questionamento reflexivo e colectivo de situações sociais, realizado pelos participantes, com vista a melhorar a racionalidade e a justiça das suas próprias práticas sociais ou educacionais bem como a compreensão dessas práticas e as situações nas quais aquelas práticas são desenvolvidas; trata-se de investigação-acção quando a investigação é colaborativa, por isso é importante reconhecer que a Investigação-Acção é desenvolvida através da acção. "A investigação em Animação sociocultural caracteriza-se pela utilização dos conceitos, das teorias e dos instrumentos que se empregam também noutras ciências (...) com o fim de dar resposta aos problemas e interrogações que se colocam a partir dos diversos âmbitos de trabalho (...) orienta-se para a mudança, o aperfeiçoamento e a transformação da realidade social."(Trilla,J.1998)
Trilla (2004) apresenta-nos 2 tipos de metodologias que caracterizam a investigação em animação.
Investigação - Acção, metodologia de investigação orientada para o aperfeiçoamento da prática mediante a mudança e para a aprendizagem a partir das consequências das mudanças: é participativa; segue uma espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão.
A Investigação - Acção deve estar definida por um plano de investigação e um plano de acção, tudo isto suportado por um conjunto de métodos e regras. São as chamadas fases neste processo metodológico.
De entre várias propostas destacaremos a proposta apresentada por Pérez Serrano.
Na perspectiva de Perez Serrano (citado por Trilla, 2004), um processo de investigação acção tem de passar pelas seguintes fases:
1. Diagnosticar ou descobrir uma preocupação temática «problema».
2. Construção de um plano de acção.
3. Proposta prática do plano e observação da maneira como funciona.
4. Reflexão, interpretação e integração de resultados. Replanificação.
Trilla (2004) apresenta-nos 2 tipos de metodologias que caracterizam a investigação em animação.
Por um lado, as Metodologias Quantitativas e Empírico - Analíticas que se centra nos aspectos quantitativos dos fenómenos sociais e educativos. No entanto, o seu âmbito de aplicação fica reduzido a fenómenos observáveis susceptíveis de mediação, controlo experimental e análise estatística.
Ainda que esta perspectiva metodológica não possa abordar os múltiplos aspectos da realidade sociocultural e educativa, as suas contribuições são muito valiosas.
As Metodologias Qualitativas. Humanístico - Interpretativas e Orientadas para a Mudança, orienta-se para a descrição e a interpretação dos fenómenos socioculturais e interessa-se pelo estudo dos significados e intenções das acções a partir da perspectiva dos próprios agentes sociais. Como metodologias orientadas para a mudança, podemos aludir à investigação - acção; à investigação participativa e avaliativa.
A Animação Sociocultural tendo como principal preocupação os interesses e aspirações dos indivíduos, leva a cabo um conjunto de acções que potenciam o seu próprio desenvolvimento e contribuem para a sua autonomia a vários níveis (cultural, psicológico, social, afectivo e político), no sentido de provocar a participação activa. Neste sentido, a animação sociocultural traduz-se:
- Numa intervenção social e comunitária adaptada a um dado contexto económico, cultural, social e político;
- Num processo de desenvolvimento de iniciativas que visem mobilizar os indivíduos, os grupos e as comunidades;
- Na problematização da relação ou interacção entre actores sociais considerados individual ou colectivamente, a fim de favorecer a comunicação e a participação;
- Na sensibilização e transmissão de instrumentos metodológicos que permitam aos actores formularem as suas necessidades e de serem eles próprios a dar-lhes as respostas adequadas.
-No ensino e ensaio de metodologias de intervenção-acção que permitem favorecer uma dinâmica de inovação e de mudança social e cultural.
Os Animadores devem escolher o estilo de liderança que maximize as hipóteses de funcionalidade da acção. Os Animadores mais eficazes são suficientemente flexíveis para seleccionar o estilo de liderança que melhor se adapte às necessidades do grupo. Animador Sociocultural é todo aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, é capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas.
QUINTAS, Sindo Froufe. (1998). Las Técnicas de Grupo en la Animación Comunitaria. Salamanca: Amarú Ediciones.
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